Um Enredo que Promete mais do que Cumpre
Call of the Sea apresenta-se como uma aventura narrativa em primeira pessoa que, à primeira vista, parece ter todos os ingredientes para prender o jogador. Colocamo-nos no papel de Norah Everhart, uma mulher debilitada por uma doença misteriosa que parte numa viagem até uma ilha isolada na tentativa de encontrar o seu marido desaparecido. O ponto de partida é intrigante: uma busca pessoal, envolta em segredos antigos, ruínas exóticas e pistas de uma civilização perdida.
No entanto, à medida que a história avança, o enredo nunca chega a atingir o nível de impacto emocional que se esperaria. Existem revelações interessantes, sobretudo no que toca à condição de Norah e ao seu passado, mas muitas dessas descobertas acabam por perder força devido à forma como são apresentadas. O jogo deixa perguntas em aberto, o que pode agradar a alguns, mas frustra quem procura uma conclusão mais satisfatória.
Puzzles que Desafiam… mas Frustram
Um dos pilares centrais da experiência são os puzzles, que ocupam grande parte do tempo de jogo. À primeira vista, parecem bem integrados no ambiente e na narrativa, mas cedo revelam problemas de execução. Muitos são confusos não pela sua complexidade lógica, mas pela forma como as pistas são mal comunicadas. Em vez de criar aquela sensação de triunfo ao resolver um enigma, o jogador sente-se, por vezes, perdido sem um caminho claro a seguir.
Esta escolha de design acaba por prejudicar o ritmo da aventura, quebrando a imersão em vários momentos. E se por um lado é positivo que os puzzles exijam atenção, por outro, o excesso de complexidade desnecessária e a falta de intuição tornam a progressão mais frustrante do que gratificante.
Beleza Visual numa Ilha Misteriosa
Se há algo em que Call of the Sea realmente se destaca é no seu visual. A direção artística é belíssima, com uma paleta de cores vibrante que transmite a sensação de estarmos perante uma ilha exótica e viva. A exploração oferece cenários tropicais, ruínas antigas e locais cheios de simbolismo, criando uma atmosfera rica e envolvente.
Ainda assim, apesar da qualidade estética, a forma como os espaços são aproveitados deixa algo a desejar. Muitos cenários parecem grandiosos, mas oferecem pouca interação ou significado dentro da narrativa. É uma beleza que impressiona à primeira vista, mas que nem sempre sustenta a experiência no longo prazo.
Um Potencial Desperdiçado
No balanço final, Call of the Sea deixa a sensação de que podia ter sido muito mais do que aquilo que é. A premissa é promissora e o estilo visual tem personalidade, mas tanto a narrativa como os puzzles falham em sustentar a experiência até ao fim. A jornada de Norah podia ser memorável, mas acaba por ser ofuscada por escolhas de design pouco inspiradas.
Não deixa de ser um jogo interessante para quem aprecia aventuras narrativas e quer mergulhar numa história diferente, mas é impossível não sentir que, com alguns ajustes, poderia ter atingido outro patamar.
Pontuação Final: 6.0 / 10
Ficha Técnica
- Título: Call of the Sea
- Desenvolvedora: Out of the Blue Games
- Editora: Raw Fury
- Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X/S, PlayStation 4, PlayStation 5
- Género: Aventura / Puzzle
- Lançamento: Dezembro de 2020